Era 1980, sendo preciso 20 de setembor de 1980. Um garoto fazia nove anos. Um menino franzino que tirava onda de atleta. A festa começou no final de tarde, o sol adormecia no horizonte e os amigos chegavam.
Eram mais coleguinhas de escola e vizinhos mais próximos. Ele ficava feliz quando via que seus amigos chegavam com presentes na mão. Ah presentes! Como sentia bem ao receber um amigo que trazia um presentinho novo com "cheiro de loja".
O mais importante era receber brinquedos, os olhos brilhavam e o sorriso inflava em seu rosto, era muito bonito.
Ao receber uma camisa, um short, uma calça... Olhava de soslaio e, com sinceridade, inevitavelmente demonstrava como se não gostasse. Geralmente quem dava esse tipo de presente eram familiares, os amiguinhos sabiam e falavam com os pais que tinham de dar o mesmo que gostariam de ganhar. É assim que funciona na vida de crianças, a sintonia é grande porque depois do aniversário eles iam brincar juntos. O presente fazia parte do coletivo do
anjo gregário da turminha.
O garoto recebia seus amigos, convidados, abria seus presentes, levava-os ao quarto e jogava-os na cama. Até que chegou um grande amigo do seu pai, o "Nanan".
Assim que Nanan chegou a festa tomou outro rumo. Ele havia trazido um presente muito especial para aquele fim de tarde.
Quando o garoto abriu a caixa, ficou surpreso e sem ação: Acabava de ganhar uma máquina fotográfica. A princípio não tinha entendido direito, mas depois que o Nanan explicou que aquele aparelho iria registrar todos os seus momentos ele deixou todos os presentes de lado e começou a usar ali mesmo, no aniversário. Tirava fotos de seus amigos, dos convidados, dos presentes que ganhou, de seus pais, irmão... Fez a festa ficar mais alegre desejando registrar tudo que acontecia. A partir desse dia o garoto começou e não parou mais sua paixão pela fotografia.
Nessa festa de repente quem chega? Uma amiguinha de escola, seu nome é Gabriela e ela deveria ter 9 ou 8 anos, estudavam na mesma escola e o coração do garoto disparou, o dela também, seu riso ingênuo e sincero se fazia presente sempre que seus olhares se cruzavam.
De repente A mãe do garoto chamou a atenção de todos era a hora dos parabéns. Todos de pé se amontoavam na sala de jantar em volta da mesa. Ele fazia questão que seus amigos mais íntimos ficassem mais próximos. Gabriela era uma delas e de repente, cantaram "parabéns pra você", não tinha ainda o tal de "É pique...", e ao soprar a vela a garota e o menino se abraçaram numa desculpa de desejar um feliz aniversário.
Depois desse instante a festa se divida: Adultos pela sala de estar e jantar e crianças pelo pátio da casa, e pelo quintal brincando e se entregando numa verdadeira amizade.